Monday, July 24, 2006

O episódio do galo que voou.

Está decidido.
Resolvi colocar no papel o que há muitos anos venho apenas proferindo às pessoas mais próximas.

Palavras estão sempre soltas no ar, o vento facilmente as leva, muitas vezes também não são captadas pelo descuidado ouvinte, porém a escrita, ah a escrita, essa sim eterniza fatos tornando-os imortais.

Contarei sobre uma experiência impar, diria até que foi uma das mais esdrúxulas que já presenciei, e ressalto que não apenas presencie, vivi.

No auge dos meus 12 anos, com os cabelos soltos no mar de poeira que engolia a grande cidade de Casa Branca, eu, sendo uma típica pobre menina rica, que morava em uma chácara isolada de tudo e todos, sem amigos-cúmplices, porém com minhas inseparáveis super mãe e super mãe-preta. A distinção entre as duas são os fatores genéticos e sangüíneos, a super mãe, era realmente minha mãe, protagonista dessa história. A super mãe-preta, era e sempre vai ser a eterna Rosinha, moça que trabalhava em casa, sendo ela minha babá e catadora oficial de piolho, quando eu os tinha.

Abrindo um breve parênteses, estava eu outro dia cá a pensar com meus botões sobre o poder que meu sangue exerce. Não possuo um sangue, mas sim um chamariz poderosíssimo. Cheguei à conclusão de tal afirmação devido ao grande número de insetos, sem distinção de espécie, que adoram me infernizar e conseqüentemente, me picar.
Não foi diferente com os piolhos que embasbacados com tamanha nobreza, não resistiram e por diversas vezes, a mãe-preta teve de entrar em ação com suas longas unhas pintadas de vermelho que causavam-me tranqüilidade, deixavam-me um tanto quanto sonolenta e ainda resolviam o problema da infestação capilar.

Voltando a história inicial, um belo dia, a traquina criança que vos relata o fato inusitado, encontrava-se digamos assim, entediada. Sem ter com o que brincar, pois os brinquedos já se tornavam obsoletos para minha fértil imaginação. Tive então a brilhante idéia de em um jogo de minha própria autoria e até então de um só jogador, testar a tolerância e a submissão do rei do galinheiro, o Galo.

Defronte as grades do galinheiro com altura aproximada de uns 2 metros, eu com uma distância insignificante perante meu alvo, o galo, me posicionei estrategicamente para que pudesse observá-lo e conseqüentemente, imitá-lo. Estava face a face com aquele enorme galo azul de olhos amarelados.

A diversão temporária foi garantida, eu arrastava os pés para trás, ciscava o chão, cantava, corria de um lado para o outro, batia as asas, enfim, encarnei o papel da ave. Atenção meus amigos a essa informação: Ave.

Distraída com minha desenvoltura na arte de imitar, não me dei conta de que o galo decidido, com passos precisos e objetivos, aos pouco se distanciava de mim. Após perceber a distância percorrida pelo mesmo, parei e como em uma vitrine apenas observei o que estava prestes a acontecer.

Com uma das patas o galo roçou o chão e começou a correr em direção à cerca, logo, em direção a minha pessoa.

Incrédula de presenciar tal atitude desesperada tomada pelo galo, apenas ri, pois a certeza de que o mesmo daria com a cara na cerca, me garantiu um confortável lugar de apenas observar o início da decadência do rei do pedaço.

Vale lembrar que sempre houve uma implicância em relação ao nosso personagem.

Após discussão entre maiorais, conseqüentemente, a peralta mocinha ficou de fora, foi decidido que seria instalado um galinheiro em nossa chácara. Ocupando assim uma grande parte do quintal, quanto maior, melhor para o galo e suas galinhas. Meu espaço, minha pista, onde eu brincava de carrinho de carriola, foi ocupado por intrusos fedidos e que passavam o dia andando de um lado para o outro e ciscando o chão em busca de que? Minhocas?

Após ter recebido treinamento de como recolher os ovos, fui incumbida de coletar os ovos diariamente logo após que chegasse do colégio. Inicialmente nada fora do script. Tudo corria bem até o dia que com um pressentimento sobrenatural, estando eu dentro da casinha das galinhas, viro-me bruscamente para trás e deparo-me com o destemido galo me observando como se eu fosse algum tipo de invasor.

Com as pernas bambas, porém com agilidade suficiente par acorrer uma maratona, simplesmente em questão de segundos, atravessei o galinheiro inteiro sendo perseguida pelo também ágil galo tri-atleta. Os ovos que em minhas mãos estavam, acho que pelo caminho ficaram estatelados pelo chão.

Passado o susto, não me atrevi novamente a atravessar o território vizinho para quem sabe ser recebida com tanta hospitalidade pelo senhor do local em questão.

Feito um sucinto resumo sobre nossa apresentação e convivência, pude através daquela fatídica tarde, me vingar. Digo, temporariamente. Pois o pior ainda estava por vir, minha alegria durou pouco.

Exibindo seus dotes atléticos, correndo da mesma maneira citada acima, o galo se aproximava cada vez mais da grade, o que foi me causado certa aflição, diria um desconforto.

De repente, eu presenciei o até então inédito, voou do nosso galo azul. Simplesmente voou por cima da grade e direcionou suas esporas em direção a mim, especificamente dizendo, mirou minhas costas, por que nesse momento, eu não me encontrava no mesmo lugar do início dessa história. Ao constatar que o bicho, digo, ave, estava voando para me atacar, corri feito Forest gritando feito louca.

Com graça e tranqüilidade, o galo aterrizou no chão, agora do outro lado das grades que nos separava, e apenas seguiu seus instintos, foi atrás de seu alvo, a pobre menina rica e entediada.

Aterrorizada com os gritos ensandecidos, Dona Cecília, minha mãe biológica, apareceu no quintal com um semblante inesquecível, feição de quem estava indo salvar a pátria, não era bem a pátria, mas era a filha.

Munida com uma poderosa arma, uma vassoura, Dona Cecília ao se dar conta da conjuntura assistida, entrou para a maratona dos 100 metros, eu, liderando a prova, o galo logo ali, em segundo lugar me perseguindo ferozmente e Dona Cecília em terceiro lugar, meio perdida ainda, porém determinada a aniquilar o segundo colocado.

Em um ato heróico, minha salvadora acertou a cabeça do galo com sua versátil arma de combate, que desnorteado, desistiu de sua caça, abandonando assim a corrida. Exausta, corri para a varanda, me joguei em um banquinho e agradeci minha mãe pelo resgate e salvamento lendário que acabará de realizar.

Pude então constatar que o instinto materno transporta barreiras, supera obstáculo e enfrenta o novo, sendo ele imprevisível e imensurável para saber seus reais perigos.

Por mais essa magnífica atuação, meu grande ídolo, meu espelho, minha mãe, me ensinou que fazer o bem, não é uma qualidade, e sim algo intrínseco nas pessoas possuidoras de boa índole.

Sobre o galo, não se preocupem, muito menos nos denunciem à sociedade protetora dos animais, ele se recuperou instantaneamente, após ter sido devidamente recolhido e solto novamente atrás das grades. Penso que ele “entendeu” que para defender sua cria, os humanos também utilizam métodos um tanto quanto drásticos, porém, inquestionavelmente cometidos em nome do amor.

6 comments:

Anonymous said...

pelo visto estava com insoni quando postou isso hein, 5 da manha de uma segunda =x...
ri um monte da historia =]...
e imagino a cena aqui dentro da minha cabeca =x hahahahhaha...
do jeito q a senhora eh escandalosa imagina quando pequena =x...
hhahahahahha...
bem...
sao momentos como esses q vemos como foi divertido a infancia, apesar dessas perseguicoes q se transformam em momentos de risadas futuramente =]...
bons tempos neh =]...
hmmm...
sobre bons tempos...
"bons tempos" tem a duracao q a gente quiser =]
basta sabermos aproveitar o q cada tempo nos tras de bom =]...
na real...
axo q viajei aqui nesse coment =x...
mas o q vale eh a intencao =]...
bjos...

Anonymous said...

qual foi a intencao?!
te chamar de escandalosa logico =x...

Anonymous said...

No mínimo interessante a historia viu? embora eu veja a liçao da historia um pouco diferente de vc... ao inves do amor materno que quebra barreiras, eu vejo como algo do tipo: vc tira onda com o galo, o galo tira onda com vc, sua mao tira onda com o galo... de uma forma ou de outra, nunca tire onda da cara de alguem que é mais fraco que vc... tipo, sua mao poderia zuar o galo... o galo poderia rir de vc, mas nunca vc do galo ou o galo de sua mae... é algo do tipo hierarquia... outra coisa que vc nao deu mta importancia tambem é o fator surpresa... do tipo: vc nao contava que o galo voasse... e o galo nao contava que sua mae estaria la, muito menos com que uma vassourada doi bastante... heheh apenas modos diferentes de se ver a mesma historia... mas nao deixam de ser 2 coisas importantes: nao mexa com quem é mais forte e sempre conte com o fator surpresa hehhe... mas deixando galos e vassouras e a infancia, gostou da pesquisa de celulares que eu te fiz? heheh depois vc me manda e-mail... to adorande recebe-los! tenho de te contar da mais nova coisa que arranjamos pra fazer em um dia(na verdade madrugada) de tedio...

Anonymous said...

é, a intenção era ter o primeiro post, mas eu fiquei apagando e reescrevendo demais.. acabou que ficou ruim e nao adiantou nada hehehe

mas esqueci de falar uma coisa... a infancia nao passou... ela continua ai.. so que de outro jeito... é so querer hehehe

Ronan said...

Hello Stranger!!!
Meu, falando numa boa.. Eu devo ser anormal... Pq nunca, em sã consciencia eu ficaria querendo arrumar briga de galo!!! com o perdão do trocadilho, iuhie...
Será q é só vc chegar num lugar pra causar muvuca???? Nem lavar morangos sem quase inundar a locadora vc consegue!!! afff iaeuhiaeheuihieah
Ainda não to acreditando... mas enfim... não to um dos mais inspirados pra escrever hj...
no próximo prometo escrever mais.. nem q seja pra encher linguiça, ok?

Beijos tia!

Anonymous said...

nossa!!!!!!!!!!!!
essa historia me divertiu por decadas e ainda me diverte!!!!!!!
lembra?????????
eu quase morria de tanto rir qunado vc contava!!!
confesso que lembrei dela esses dias e tenho ate um destino pra ela!!!!!
bjo linda
saudade
te amo