Imbuída de uma certeza absoluta, posso garantir que jamais, em toda minha existência, tive a sorte de ter um bom vizinho. O axioma proferido abre espaço para um único questionamento:
Seria EU realmente a azarada da história?
Quando criança, tive o prazer de conviver com vizinhos italianos. Senhor Giovani, que sinceramente não sei porque eu insistia em chamá-lo de Seu João, e sua simpática e prendada esposa, Dona Lourdes.
A convivência foi fascinante, uma vez que aos poucos, o dialeto italiano tornou-se praticamente habitual na divisa entre nossas chácaras.
A relação de amizade adquirida há pouco mais de 6 meses, tornou-se digamos assim, efêmera.
Seu João, vulgo Senhor Giovani, decidiu implantar uma pequena criação de galinhas supervisionadas pelo senhor dos senhores, o Rei galo.
Não sei se todos estão cientes sobre meu peculiar histórico relacionado as aventuras e desavenças com essa espécie de ave, sendo assim, nobre de minha parte SEMPRE ADVERTIR que os galos voam!
Quando criança, tive o prazer de conviver com vizinhos italianos. Senhor Giovani, que sinceramente não sei porque eu insistia em chamá-lo de Seu João, e sua simpática e prendada esposa, Dona Lourdes.
A convivência foi fascinante, uma vez que aos poucos, o dialeto italiano tornou-se praticamente habitual na divisa entre nossas chácaras.
A relação de amizade adquirida há pouco mais de 6 meses, tornou-se digamos assim, efêmera.
Seu João, vulgo Senhor Giovani, decidiu implantar uma pequena criação de galinhas supervisionadas pelo senhor dos senhores, o Rei galo.
Não sei se todos estão cientes sobre meu peculiar histórico relacionado as aventuras e desavenças com essa espécie de ave, sendo assim, nobre de minha parte SEMPRE ADVERTIR que os galos voam!
Nossas chácaras eram separadas por uma divisa aramada, logo privacidade era uma palavra inexistente entre a vizinhança. Os novos voadores moradores, hipnotizados pela luz reluzente provinda da cerca, elegeram a divisa entre as chácaras, o cantinho da ciscagem.
Até hoje imagino porque tanto essas galinhas ciscavam naquele mesmo lugar.
Geograficamente falando, as simpáticas galinhas adquiriram fascínio por ciscar logo abaixo da janela do meu quarto. Fui descobrir o local exato da escavação, nas férias de Julho.
Logo nos primeiros dias de férias, assustada e ao mesmo tempo tendo minha curiosidade instigada, passei a investigar sobre os sonhos consecutivos sobre galinhas e galos que rondavam e perseguiam minhas noites.
Consultei de sábios venerados por seus vastos conhecimentos chegando a realizar leituras complementarem em livros sobre significados de sonhos
Minha gana pela resposta foi tamanha, que simplesmente uma noite, praticamente no final das férias, resolvi permanecer acordada. Nunca uma noite, antes tinha sido tão longa. As pálpebras pesavam, meus olhos sentiam como se houvessem toneladas de areias neles. Contrariando expectativas, bravamente, avancei pela noite, adentrei pela madrugada e posteriormente, poderia ter contemplado o alvorecer...
Passadas 5:20 da manhã, deparei-me com uma das maiores surpresas presenciadas por mim em toda minha existência. Pude ouvir ruídos ao longe de um pelotão de galinhas e galo vindo diretamente de encontro à cerca. Em questão de segundos, todos devidamente posicionados, começaram então suas escavações, sendo essas, estrategicamente do lado de fora da janela do meu quarto.
Posso assegurar ao leitor que o alívio da descoberta durou o tempo suficiente para que minha paciência fosse afetada pelo barulho irritante provindo da equipe de escavação, que dedicavam cada segundo de suas vidas em busca de fósseis e descobertas arqueológicas.
Os últimos dias de minhas férias tornaram-se um verdadeiro inferno. Uma vez ciente da presença dos arrojados historiadores, por menor que fosse o ruído, eu tinha meu sono interrompido.
Foi quando, em uma madrugada de sábado, atenta aos movimentos dos pesquisadores, levantei-me de minha cama, rumei até a cozinha, enchi uma jarra de água, e voltei para o local da execução. Em meu pensamento, não iria restar pedra sobre pedra ou pena sobre pena.
Lentamente abri a janela de meu quarto, mirei e atirei. Posso dizer que metade do volume contido na jarra, caiu dentro do meu quarto, em cima do móvel que servia para eu estudar durante a tarde, que diga-se de passagem, pouco foi usado – nunca gostei de estudar.
A outra metade, certeiramente atingiu o almejado e odiado alvo. Pude observar em estado de êxtase a corrida que os estudiosos tiveram que realizar para desviarem dos jatos mortais de água.
Meu contentamento foi lendário assim como a bronca que tive que escutar pelo irresponsável atentado aos historiadores.
Mais a tarde, em conversa extra oficial, minha mãe e o Seu João decidiram que a equipe apenas seria solta no período em que eu estivesse no colégio. Sábio acordo, devo admitir.
Assim como deve admirar, louvar e agradecer a perfeita utilização da arte da diplomacia desempenhada por minha destemida mãe, dias depois do fatídico atentado.
Argumentou e justificou com o Seu João, como uma perfeita advogada da paz, que sua sensata filha, havia por descuido, acertado com a bola de vôlei no cano que levava a água para a caixa d’água. E que acidentalmente, o cano que irrigava toda a água para a casa do Seu Jãao, havia sido rompido, resultando assim, na escassez total do abastecimento da água e, caso servisse de consolo, a parte agressora também havia sido afetada, nosso quintal encontrava-se submerso.
Por vingança do destino ou não, seu João e Dona Lourdes, ficaram parcialmente sem água durante dois dias. Os escavadores? Esses tomaram água da chuva, porque primitivas são as pessoas que subestimam essas adoráveis criaturas.
Lentamente abri a janela de meu quarto, mirei e atirei. Posso dizer que metade do volume contido na jarra, caiu dentro do meu quarto, em cima do móvel que servia para eu estudar durante a tarde, que diga-se de passagem, pouco foi usado – nunca gostei de estudar.
A outra metade, certeiramente atingiu o almejado e odiado alvo. Pude observar em estado de êxtase a corrida que os estudiosos tiveram que realizar para desviarem dos jatos mortais de água.
Meu contentamento foi lendário assim como a bronca que tive que escutar pelo irresponsável atentado aos historiadores.
Mais a tarde, em conversa extra oficial, minha mãe e o Seu João decidiram que a equipe apenas seria solta no período em que eu estivesse no colégio. Sábio acordo, devo admitir.
Assim como deve admirar, louvar e agradecer a perfeita utilização da arte da diplomacia desempenhada por minha destemida mãe, dias depois do fatídico atentado.
Argumentou e justificou com o Seu João, como uma perfeita advogada da paz, que sua sensata filha, havia por descuido, acertado com a bola de vôlei no cano que levava a água para a caixa d’água. E que acidentalmente, o cano que irrigava toda a água para a casa do Seu Jãao, havia sido rompido, resultando assim, na escassez total do abastecimento da água e, caso servisse de consolo, a parte agressora também havia sido afetada, nosso quintal encontrava-se submerso.
Por vingança do destino ou não, seu João e Dona Lourdes, ficaram parcialmente sem água durante dois dias. Os escavadores? Esses tomaram água da chuva, porque primitivas são as pessoas que subestimam essas adoráveis criaturas.