Monday, September 01, 2008

Inversão de toda uma vida

Muitos são os anos que acumulam-se pela longa estrada, poucos são os que perante eles, prostram-se diante de seus sábios ensinamentos.

Encontro-me hoje, pois, a divagar.

Creio eu, que exista uma má interpretação relacionada a comemorações. Mais especificamente, refiro-me as celebrações onde o nobre homenageado é o sujeito em que nessa solene ocasião, faz anos.

Emocionalmente pensando, a conclusão de que, sim, deve-se festejar o fato de ter sido privilegiado por ser mais um componente dessa que chamo de intrigante passagem por essa terra sem dono, é algo que deve-se ser ressaltado.
Penso que nessa circunstância, todo e qualquer manifesto relacionado à esse evento, é considerado genuíno e de grande valia.
Festa anunciadas, festas surpresas, festas arranjadas, festas desperdiçadas. Esforços de maneira alguma são medidos e incontestavelmente, são comparados ao término de cada circo, perdão, ciclo.

Diante inúmeras diligências, algumas conjunturas são, ou facilmente contornadas ou fatidicamente após o ocorrido, perpetuadas. Situações tais quais observar o aniversariante caindo por sobre o bolo; balões sendo estourados precocemente por peraltas convidados; palhaços contratados para animar e que acabam por fazer chorar; integrantes da trupe do sindicato daqueles de que como lembrança, apenas levam suas próprias presenças; pequenos e na maioria das vezes, maiores infratores delinqüentes aprendizes da arte de roubar docinhos tanto da mesa do bolo quanto da cozinha, na ocasião onde os mesmos encontram-se estrategicamente posicionadas nas bandejas que desembocariam, se não fosse o praticamente imperceptível desfalque (lê-se rombo), na mesa do aniversariante; e um dos mais peculiares, porém, de maior repercussão, seria presenciar a matriarca, sendo assim, sub-anfitriã, explanar aos convidados sobre o incabível questionamento referente ao tema da festa ser “a fantasia”, uma vez que teve suas vestes comparadas à trajes indianos, quiçá circenses, e assim explica que as formas abstratas e sutilmente coloridas com tons quentes são tendências em países de primeiro mundo.

Apesar dos pesares, e diria, graças aos pesares, festejar aniversários é algo que inegavelmente, remete-me à felicidade.
A ansiedade e contagem regressiva para que o dia 29 chegasse e assim trouxesse, para alegria geral da nação, os famosos patês de mortadelas da Dona Cecília, a expectativa do comparecimento ou não daqueles que tanto estimava, o planejamento daquela que deveria superar a festa anterior, o medo de algo acontecer e colocar em risco nossa reputação relacionada a estrategista de festa, o consolo de ter como mentora e organizadora da festa, minha mãe, a certeza de ter como alicerces meus avós e como garantia de júbilo, possuir familiares que apesar da distancia, faziam-se sempre presentes.

Escrevo hoje sobre o passado, uma vez que o tempo encontra-se em uma constante e irrevogável jornada rumo ao incerto, e não apenas as frases são referentes à outrora, mas também muitos desses sentimentos os são.
Conforme crescemos, penso que os problemas do dia-a-dia acabam por preencher o espaço que fora com dedicação, cultivado e reservado para “o dia mais importante de nossas vidas”. Intrigante, mas aniversários algumas vezes, podem passar desapercebidos.

29 de Agosto de 2008, completo assim 25 primaveras e, não desmerecendo dos que dessa conclusão não conseguiram ainda usufruir, afirmo que existe uma, a meu ver, esdrúxula, discrepância no quesito do direcionamento das homenagens.

Há algum tempo abrangi o meu diria assim, coletivo e assim, egoísta pensamento de comemorar o fato de ter nascido e receber sozinha todas as pomposas celebrações por ter estreado no mundo e até então, ter permanecido nele.
Penso que toda uma geração, a começar pelos pais do aniversariante deveriam ser parabenizados. Em seqüência os avós e assim sucessivamente, conforme a hereditariedade.

Jamais existiria a Carol, Carolina da perna fina, Loló, Lita, Carolzinha, a famosa disfunção hormonal, se não fosse pelo fato de minha grande heroína, Dona Cecília, ter decidido germinar, criar, educar e acima de tudo, amar-me incondicionalmente.

É a ela e a Deus que dedico toda honra, glória, agradecimento e amor.